Publicação
original: TRAGTENBERG, Maurício.
(Org.). Marxismo
Heterodoxo. São Paulo: Brasiliense,
1981, pp. 45-54.
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Tradução: Daniel Aarão Reis Filho
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adicionais:
(...)
Ainda falta defender a Esquerda
contra você em relação à questão do parlamentarismo. [1] A
linha de
esquerda. também em relação a esta questão. Baseia-se nas
mesmas razões gerais
e teóricas levantadas quanto à questão sindical: isolamento
do proletariado,
enorme poderio do inimigo, necessidade
de a massa se
educar à altura de sua tarefa, de, antes de tudo, só
acreditar nela mesma, etc. Não preciso
expor novamente todas estas razoes.
Mas
neste ponto, e em relação à
questão sindical, ainda existem razões suplementares.
Para
começar: os operários e. em
geral, as massas trabalhadoras da Europa Ocidental estão
totalmente sob a
dependência ideológica da cultura burguesa, das concepções
burguesas e, em
conseqüência, do sistema representativo e do parlamentarismo
burguês, da
democracia burguesa, num nível muito mais alto que os
operários da Europa
Oriental.
Entre
nós a ideologia burguesa tomou
conta de toda a vida social e, em conseqüência. também da
vida política,
peneirando profundamente na cabeça e no coração dos
operários. E neste quadro
que foram educados, cresceram, e isto já há muitos
séculos. Eles
estão saturados pelas concepções burguesas.
O
companheiro Pannekoek descreve muito
apropriadamente a situação na revista Comunismo, publicada
em
Viena
“A
experiência alemã nos coloca frente
ao grande problema da revolução na Europa Ocidental. Nestes
países o modo de
produção burguês e a sua cultura secular
altamente
desenvolvida marcaram profundamente a maneira de sentir e de
pensar das massas
populares. Por isso o seu caráter íntimo e espiritual é
completamente diferente
do que existe nos países orientais que nunca conheceram a
dominação burguesa. E
é nisto que reside, antes de tudo, a diferença do processo
revolucionário a
leste e a oeste da Europa. Na Inglaterra, França, Holanda,
Escandinávia,
Itália. Alemanha, uma forte burguesia florescia desde a
Idade Média, na base de
uma produção pequeno-burguesa e capitalista primitiva. E,
quando se derrubou o
feudalismo, desenvolveu-se igualmente no campo uma classe
forte e independente
de camponeses, que se tornou senhora de sua própria pequena
economia. Nesta
base desenvolveu-se a vida espiritual burguesa numa sólida
cultura nacional.
Isto ocorreu principalmente nos Estados litorâneos como a
Inglaterra e a
França, que tomaram a dianteira do desenvolvimento
capitalista. Sujeitando o
conjunto da economia à sua direção, vinculando mesmo as
fazendas mais longínquas
à esfera de sua economia mundial, o capitalismo, durante o
século XIX, elevou o
nível da cultura nacional, refinou-a, e através de seus
meios espirituais de
propaganda — a imprensa, a escola e a
igreja — forjou com
base neste modelo o cérebro popular, tanto no que se refere
às massas
proletarizadas atraídas para a cidade como em relação às que
ficaram no campo.
“Tais
considerações são válidas não
somente para os países de origem do capitalismo mas também.
embora sob formas
um pouco diferentes, para a Austrália e a América, onde os
europeus fundaram
novos Estados, da mesma forma que para os países da Europa
Central, como a
Alemanha, a Áustria e a Itália, onde o novo desenvolvimento
capitalista pôde se
enxertar na antiga economia retardatária e na cultura
pequeno-burguesa, O
capitalismo, quando penetrou nos países da Europa do Leste,
encontrou um
material e tradições inteiramente diferentes. Na Rússia, na
Polônia. na Hungria
e nos países a leste do Elba não se encontra mais uma
burguesia forte para
dominar tradicionalmente a vida espiritual. A situação
agrária, caracterizada
pela grande propriedade fundiária, pelo feudalismo patriarca
e pelo comunismo
de aldeia, dava o tom à ideologia.”
Frente
ao problema ideológico, o
companheiro Pannekoek tocou a nota certa nesta citação.
Muito melhor do que
nós, ele demonstrou ao nível ideológico a diferença entre a
Europa Ocidental e
a Oriental, revelando, deste ponto de vista, a chave de uma
tática
revolucionária para a Europa Ocidental.
Se
se estabelece a ligação disso com a
causa material da força inimiga, ou seja, com o capital
financeiro, então o
conjunto da tática torna-se claro.
No
entanto, pode-se dizer mais a
respeito do problema ideológico. A liberdade burguesa, a
força do parlamento,
foram conquistas das gerações anteriores, dos antepassados,
em sua luta
libertadora na Europa Ocidental; conquista utilizada pelos
proprietários, mas
realizada pelo povo. A lembrança destas lutas é ainda uma
tradição
profundamente enraizada no sangue do povo. De fato, uma
revolução é a lembrança
mais profunda de um povo. O raciocínio de que ser
representado no parlamento
representa uma vitória atua inconscientemente como uma força
imensa e
tranqüila. Isto é sobretudo válido para os velhos países de
burguesia, onde
houve longas e constantes lutas pela liberdade: na
Inglaterra, na Holanda e na
França. E também, mas numa medida menos, na Alemanha, na
Bélgica e nos países
escandinavos. Um habitante da Europa Oriental não pode
provavelmente imaginar a
força que pode assumir esta influência.
Além
disso, os operários lutaram aqui,
freqüentemente durante muitos anos, pelo sufrágio universal,
e o conquistaram
na luta, direta ou indiretamente. A vitória produziu
resultados na época. São
generalizados o pensamento e o sentimento de que ter
representantes no
parlamento burguês, atribuindo-lhes a defesa de seus
próprios interesses,
constitui uma vitória e um progresso. Não se deve também
subestimar a força
desta ideologia.
E,
finalmente, a classe operária da
Europa Ocidental caiu no reformismo sob a direção dos
parlamentares que a
conduziram à guerra, à aliança com o capitalismo. A
influência do reformismo
também é gigantesca. Por todas estas razões o operário
tornou-se escravo do
parlamento, deixando-o agir sem controles. O próprio
operário não atua mais. [2]
Sobrevém
a revolução. Agora ele
próprio deve fazer tudo. O operário deve lutar
sozinho.
comando apenas com sua classe, contra o tremendo inimigo,
deve travar a luta
mais terrível de todos os tempos. Nenhuma tática de
dirigente pode ajudá-lo.
Todas as classes formam uma muralha abrupta diante
dele, e nenhuma
está com ele. Ao contrário, se ele se abandona aos seus
dirigentes ou a outras
classes no parlamento, um grande perigo o ameaça — o de
voltar a cair em sua
antiga fraqueza, deixando os dirigentes agirem por conta
própria, o de se
perder no sonho de que outros podem fazer a revolução por
ele, o de ir a
reboque das ilusões, o de continuar dominado pela ideologia
burguesa.
Esta
atitude das massas em relação aos
dirigentes é também muito bem descrita pelo
companheiro
Pannekoek:
“O parlamentarismo
é a forma típica da
luta mediada por dirigentes, em que as massas desempenham um
papel secundário.
Sua prática consiste no fato de que deputados,
personalidades particulares,
travam a luta essencial. Eles devem, em conseqüência.
despertar nas massas a
ilusão de que outros podem travar a luta por elas.
Antigamente, acreditava-se
que os dirigentes poderiam obter reformas importantes para
os operários através
da via parlamentar, prevalecendo mesmo a ilusão de que os
parlamentares
poderiam realizar a revolução socialista através de medidas
legislativas. Hoje,
na medida em que o parlamentarismo tem um ar mais modesto,
avança-se o
argumento de que os deputados podem lazer uma grande
propaganda pelo comunismo
no parlamento. Mas sempre a importância decisiva é atribuída
aos dirigentes.
Naturalmente, encontram-se nesta situação os profissionais
que dirigem a
política – se necessário sob o disfarce democrático das
discussões e resoluções
de congressos. A história da social-democracia é, deste
ponto de vista, uma
lição de tentativas inúteis no sentido de que os próprios
membros do partido
determinem a linha política. Sempre que o proletariado luta
pela via
parlamentar isto é inevitável, e a situação permanecerá a
mesma enquanto as
massas não criarem órgãos para a sua própria ação, ou seja,
enquanto a revolução
estiver ainda por vir. Mas logo que as próprias massas
entram em cena, para
decidir e agir, os defeitos do parlamentarismo pesam na
balança.
“O
problema da tática consiste em
encontrar os meios de extirpar a mentalidade tradicional
burguesa que domina a
sociedade e enfraquece as forças da massa dos proletários.
Tudo o que fortalece
novamente a concepção tradicional é nocivo. O aspecto mais
firme, mais
persistente desta mentalidade é exatamente sua dependência
em relação aos
dirigentes, aos quais os operários entregam a solução de
todas as questões
gerais, a direção de seus interesses de classe. O
parlamentarismo tende
inevitavelmente a paralisar a atividade das massas
necessária à revolução.
Podem-se proferir belos discursos para despertar a ação
revolucionária! A
atividade revolucionária não se alimenta de tais frases, mas
apenas da dura e
difícil necessidade, quando não há outra saída.
“A
revolução exige ainda algo mais que
o combate das massas, capaz de derrubar um sistema
governamental sabemos que isto
não pode ser provocado, mas deverá originar-se na
necessidade profunda das
massas. A revolução exige que o proletariado assuma as
grandes questões da reconstrução social,
as decisões mais difíceis, a revolução exige que o
proletariado assuma
integralmente o movimento criador. E isto é impossível se,
de início, a
vanguarda, e depois as massas, sempre e cada vez mais
amplas, não tomarem as
coisas em suas mãos, não se considerarem como responsáveis,
não se dedicarem a
tentar, a fazer a propaganda, a lutar, a procurar, a pensar,
a pesar, a ousar e
a executar até o fim. Mas tudo isto é difícil e penoso.
Enquanto a classe
operária for levada a acreditar na possibilidade de um
caminho mais fácil onde
outros atuem em seu lugar — conduzam a agitação de
uma tribuna
elevada, tomem decisões, dêem o sinal para a ação, façam
leis – ela vacilará e
ficará passiva sob o peso da velha mentalidade e das velhas
debilidades.”
Os
operários da Europa
Ocidental devem – é preciso repetir isto mil vezes e, se for
necessário, cem
mil, um milhão de vezes (e quem não compreendeu isto e não
aprendeu esta lição
dos acontecimentos desde novembro de 1918 é um cego, mesmo
se tratando de você,
companheiro), os operários do Ocidente devem agir, antes de
tudo, por sua
própria conta, não somente no terreno sindical, mas também
noterreno político.
Porque eles estão sós e nenhuma astúciatática
dos dirigentes
poderia ajuda-los. A maior força de impulsão deve surgir
deles mesmos. Aqui,
pela primeira vez, num nívelmais alto que na
Rússia, a emancipação
da classe operária será obra dos próprios operários. É por
isto que os
companheiros da “esquerda” têm razão quando dizem aos
companheiros alemães: não
participem das eleições, boicotem o parlamento.
Politicamente é preciso que
vocês próprios façam tudo. Vocês não serão vitoriosos
enquanto não tiverem
consciência desta verdade e não agirem em conseqüência.
Vocês apenas vencerão
se agirem assim durante dois, cinco, dez anos esforçando-se
homem por homem,
grupo por grupo, em cada cidade, em cada província, enfim,
em todo o país, como
Partido, como União, como Conselhos de Fábrica, como Massa.
como Classe.
Através do exemplo e da luta sempre renovados, através das
derrotas, a grande
maioria de vocês acabará formando um bloco e poderá, depois
de ter passado por
esta escola, constituir uma massa grande e homogênea.
Mas
os companheiros, os esquerdistas
do KAPD, teriam cometido um grave erro se houvessem
defendido esta linha apenas
em palavras, pela propaganda. Na questão política, a luta e
o exemplo têm ainda
mais importância que na questão sindical.
Os
companheiros do KAPD tinham pleno
direito e obedeciam a uma necessidade histórica quando se
separaram rapidamente
do Spartacusbund, “rachando” com ele, ou melhor, com a sua
central — quando
esta não quis mais desenvolver esta propaganda. De fato, o
proletariado alemão
e os operários da Europa Ocidental precisavam, antes de
tudo, de um exemplo.
Era necessário, no quadro de um povo de escravos políticos,
no mundo de
oprimidos da Europa Ocidental, surgir um grupo exemplar de
combatentes livres,
sem dirigentes, ou seja, sem dirigentes à moda antiga. Sem
deputados no
parlamento.
E
isto, sempre, não porque fosse belo
ou bom, ou porque dessa forma fosse heróico ou maravilhoso,
mas porque o povo
trabalhador alemão e ocidental está só nesta terrível luta,
não podendo esperar
nenhum apoio das outras classes ou da inteligência dos
dirigentes. Uma
única coisa pode defendê-lo, a vontade e a decisão das
massas, homem por homem,
mulher por mulher, em bloco.
A
esta tática, baseada em razões tão
profundas, opõe-se a participação no parlamento, que só pode
ser nociva à linha
correta; e o prejuízo é infinitamente maior que à pequena
vantagem da
propaganda. (proporcionadapela
tribuna parlamentar). É
por isso que a esquerda recusa o parlamentarismo.
Você
afirma que o companheiro
Liebknecht [3] poderia,
se
estivesse vivo, fazer um trabalho maravilhoso no Reichstag. [4] É
o que nós
negamos. Ele não poderia manobrar politicamente num lugar
onde todos os
partidos da grande e da pequena burguesia fazem frente
contra nós. E ele assim
não ganharia melhor as massas do que fora do parlamento. Ao
contrário, grande
parte da massa ficaria satisfeita com seus discursos, e sua
presença no
parlamento seria portanto nociva. [5]
Sem
dúvida um tal trabalho da
“esquerda’ durará anos e as pessoas que desejam, por uma
razão qualquer, êxitos
imediatos, importantes cifras de adesões e de votos, grandes
partidos e uma
poderosa Internacional (em aparência), deverão esperar ainda
muito tempo. Mas
estarão satisfeitos com esta tática os que entendem que a
vitória da revolução
na Alemanha e na Europa Ocidental só será realidade se a
maioria, se a massa
dos operários, começar a ter confiança em si mesma.
Companheiro,
você conhece o
individualismo burguês da Inglaterra, sua liberdade
burguesa, sua democracia
parlamentar, da forma como se desenvolveram
durante seis ou sete
séculos? Da forma como realmente são: infinitamente
diferentes da situação na
Rússia? Você sabe como estas idéias estão profundamente
enraizadas em cada
indivíduo, inclusive nos proletários, na Inglaterra e nas
colônias? Você
conhece esta estrutura unificada num imenso conjunto? Sua
importância geral, na
vida social e pessoal? Acho que nenhum russo, nenhum europeu
do Leste, conhece
esta situação. Se vocês a conhecessem, vocês admirariam os
operários ingleses
que ousam se levantar radicalmente contra este imenso
edifício, contra a maior
construção política do capitalismo em todo o mundo.
Para
chegar a esta atitude, no caso de
ela ser plenamente consciente, não é sem dúvida necessário
um sentido
revolucionário mais apurado que o possuído pelos que
romperam em primeiro lugar
com o czarismo? A ruptura com o conjunto da democracia
inglesa já significa
o embrião da revolução inglesa. Porque esta ação se realiza
com a mais firme
decisão, como corresponde a uma Inglaterra alicerçada num
passado histórico
gigantesco e de poderosas tradições. Porque o proletariado
inglês representa a
maior força (é o mais forte do mundo, proporcionalmente).
Reparem que ele se
levanta de repente frente à burguesia mais forte do mundo,
que ele se levanta
com todas as forças e repudia rapidamente toda a democracia
inglesa, embora em
seu país a revolução ainda não esteja à vista.
A
sua vanguarda, a esquerda, já fez
tudo isto, assim como a vanguarda sabe que a classe operária
está isolada, não
podendo esperar apoio de nenhuma outra classe na Inglaterra,
que o próprio
proletariado, antes de tudo, deve lutar e vencer com sua
vanguarda e não por
intermédio de seus dirigentes. [6]
O
proletariado inglês mostra, pelo
exemplo de sua vanguarda, como quer lutar: sozinho contra
todas as classes da
Inglaterra e de suas colônias.
E,
mais uma vez, age como a vanguarda alemã: dando o
exemplo. Criando
um partido comunista
que repudia o parlamento, gritando para toda a classe
operária da Inglaterra:
rompam com o parlamento, símbolo da força capitalista.
Formem o seu próprio
partido e suas próprias organizações por fábrica. Contem
somente com vocês
mesmos.
Este
orgulho e esta dignidade nascidos
no seio do maior capitalismo deveriam afinal vir á tona
na Inglaterra. E logo
que a ação começou, já se torna homogênea.
Companheiro,
foi um dia histórico,
quando, no mês de junho, durante uma assembléia, fundou-se o
primeiropartido
comunista, rompendo com toda a construção e a
organização do Estado
em vigor há sete séculos. Eu desejaria que Marx e Engels
estivessem presentes.
Penso que eles teriam sentido um imenso prazer se pudessem
ver aqueles
operários ingleses repudiar o Estado inglês, protótipo de
todos os Estados
burgueses do mundo, centro e fortaleza do capital mundial já
há séculos,
dominando em terço da humanidade, se eles pudessem vê-los
repudiar este Estado
e seuparlamento.
É
tanto mais razoável adotar esta
tática na Inglaterra quanto sabemos que o capitalismo inglês
está decidido a
apoiar o capitalismo em todos os demais países, e certamente
não vacilará em
chamar tropas de todas as partes do mundo contra qualquer
proletariado
estrangeiro e particularmente contra o seu. Aluta
do
proletariado inglês é portanto uma luta contra o capitalismo
mundial. Mais uma
razão para que o comunismo inglês dê o exemplo mais elevado
e mais claro, para
que ele apóie de forma exemplar a causa do
proletariado com sua luta e seu
exemplo. [7]
Deveria
haver, assim, e sempre, um grupo que assumisse todas as
conseqüências de sua posição na luta, Os gruposdeste
tipo
são o sal da humanidade. (...)
[1] No
começo
pensei que se tratava de uma questão secundária. A atitude
oportunista
do Spartacusband quando do golpe do Kapp e a que você
adota no seu texto, em
relação à questão, me persuadiram de que se tratava de uma
importante questão.
[Nota de H. GORTER]
[2] Esta
grande
influência, o conjunto desta ideologia da Europa
Ocidental, dos Estados
Unidos e das colônias inglesas, não é compreendida na
Europa do Leste, na Turquia
e nos Bálcãs (para não falar da Ásia). [Nota de H. GORTER]
[3] Referência
a
Karl Liebknecht, deputado social-democrata no Reichstag,
que votara contra os
créditos de guerra (1914-18) solicitados pelo governo
contrariando a maioria do
Partido, que votara a favor dos mesmos. Foi assassinado
com Rosa Luxemburgo,
por ocasião da repressão à revolução socialista alemã em
1919 dirigida pela ala
direita da social-democracia alemã em conluio com o
Exército e a burguesia,
Noske e Scheidermann. [N. do Org.]
[5] Oexemplo do companheiro Liebknecht prova
exatamente a
correção de nossa tática. Antes da revolução, quando o
imperialismo estava no
apogeu de sua força e as leis de exceção do tempo da
guerraasfixiavam
qualquer movimento, ele pôde exercer uma grande influência
com suas denúncias
no parlamento. Mas durante a revolução a influência
desapareceu. Logo que os
operários tomarem seus destinos nas próprias mãos, devemos
abandonar o
parlamentarismo. [Nota de H. GORTER]
[6] É
claro
que a Inglaterra não tem camponeses pobres que poderiam
apoiar o capital. Por
outro lado, entretanto, ela conta com uma classe média
muito maior e ainda mais
ligada ao capitalismo. [Nota de H. GORTER]
[7] O
perigo
do oportunismo existe com mais força na Inglaterra do que
nos demais países.
Assim, parece que também nossa companheira Sylvia
Pankhurst (embora não tenha
aprofundado suficientemente suas concepções pelo estudo,
nem por isso deixou de
ser uma boa precursora do movimento de esquerda, por
temperamento, instinto e
experiência) teria mudado de opinião. Ela abandona a luta
antiparlamentar, ou
seja, um ponto essencial da luta contra o oportunismo,
pela vantagem imediata
da unidade. Toma assim o caminho já percorrido por
milhares de dirigentes do
movimento operário inglês: entrega-se ao oportunismo e, em
última análise, à
burguesia. Isto não tem nada de extraordinário, mas o fato
de que foi você,
companheiro Lenin, que a levou a reboque e a convenceu,
àquela que era a única
dirigente conseqüente e ousada da Inglaterra, isto foi um
duro golpe para a
Revolução Russa e mundial. [Nota de H. GORTER]